Professor Joel Abdala é homenageado na Câmara

21/10/2014 00h00 ⋅ Atualizada em 01/11/2019 21h43

 

O Prof. Dr. Joel Abdala foi homenageado, na última segunda-feira, dia 20, na Câmara de Taubaté, em uma sessão solene em celebração ao Dia do Professor.

Na foto, a filha do docente, que também é professora da UNITAU, Rachel Abdala, lê o discurso do pai durante a solenidade.

Confira abaixo um perfil do profissional:

 

Joel Abdala retrata seus 45 anos de vida acadêmica

 Por Pierre Cruz

A classe aguarda a chegada do docente, que entra na sala de aula segurando um apagador grande com o brasão do Corinthians. A reação é imediata: gritos e manifestações positivas e negativas dos estudantes, que entram na onda do professor. Se ele é um verdadeiro torcedor, nem mesmo a filha pode confirmar, ela sugere que seja apenas uma brincadeira. Assim é Joel Abdala, do departamento de Ciências Sociais e Letras.

Seus amigos o classificam como um verdadeiro educador – não pelo bigode, pelos óculos ou pelo cabelo repartido –; o que lhe rendeu o título foi sua prontidão em atender às dificuldades de quem lhe solicita ajuda, com um sorriso estampado no rosto. “Ele é uma pessoa muito generosa”, afirma a professora Neusa Banhara Ambrosetti, sua amiga.

Joel ingressou na docência com pouco mais de vinte anos. Alto, magro e de aparência jovial, foi confundido com os estudantes no primeiro dia de trabalho e teve de entrar na escola pelo portão principal, junto com os outros alunos.

Graduou-se pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena, depois de experimentar o curso de Cinema da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e de sonhar com a carreira de pianista. Embora tenha sido concertista, Joel foi aconselhado a não trilhar o caminho da música e procurar uma profissão “de verdade”. Porém, o mais novo de treze irmãos nunca perdeu a veia artística. Aprecia obras clássicas e passa o tempo escrevendo poemas.

O professor, após passar por Suzano, veio para Taubaté em busca de segurança para criar os filhos. Conheceu Sonia Maria em um trem, por intermédio de sua irmã. Depois do matrimônio, tiveram duas meninas e dois meninos. O zelo e a atenção por suas crianças são tão latentes que, até nos dias de hoje, o docente faz questão de colocar presentes em seus sapatos no Natal.

“Meu pai trabalhava a semana inteira, mas o que vivíamos com ele no final de semana era tão intenso que não sentíamos sua falta. Ele sempre fazia competições e brincadeiras conosco”, rememora Rachel, a primogênita da família.

Ao visitar as escolas públicas taubateanas, onde começaria a lecionar, surpreendeu-se com a estrutura das instituições. “Esse chão é encerado!”, exclamou para Rachel depois de visitar um dos colégios do município. O docente se referia à Escola Estadual Monteiro Lobato, mais conhecida como Estadão – da qual se tornaria diretor.

Passou a integrar o corpo docente da Universidade de Taubaté, no final dos anos 1980. Fez amizades que vão desde a portaria do departamento até a Reitoria, sem mencionar a proximidade com os estudantes. “Ele é excelente para se jogar conversa fora”, confessa seu amigo e colega de trabalho, professor Luzimar Goulart Gouvêa.

Depois de mais de 40 anos engajado no ensino, o docente precisou se afastar das salas de aula devido a um infarto que sofreu em maio de 2009. Deveria, a partir de então, evitar grandes emoções, como a que sentia ao lecionar.

Mesmo assim, sua turma de alunos o escolhera para homenageá-lo na formatura. No churrasco de confraternização, em um domingo do final do ano, fez questão de comparecer. Pediu que Rachel o levasse para casa quando estivesse cansado – o que só veio a acontecer às 18h, quando a festa já havia terminado. No dia seguinte, debulhou-se em lágrimas como nunca alguém o vira chorar antes, assustando todos de sua família. Tudo o que conseguia dizer era: “os alunos”.

Nunca investira na carreira acadêmica, adquiriu o título de Mestre para assumir a Diretoria do Departamento de Ciências Sociais e Letras da UNITAU. O que lhe fascinava era o contato com a classe. “Em 45 anos de docência, ele sempre entrou na sala de aula com brilho nos olhos”, conta sua filha, que, assim como os irmãos, foi aluna de Joel. “As pessoas dizem que você só consegue ser bom em uma coisa. Meu pai é bom em duas: como pai e como professor”, derrete-se.

Desde 2013 o docente atua como assessor da Pró-reitoria de Graduação.