Chuvas continuarão fortes e concentradas, aponta estudo da Universidade

04/03/2015 00h00 ⋅ Atualizada em 22/10/2019 23h45

 

Uma pesquisa realizada por três professores do Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté (UNITAU) revela tendências sobre o clima e possíveis impactos ambientais no Vale do Paraíba até 2099. O estudo aponta que, assim como vem sendo verificado no estado de São Paulo, as chuvas deverão ser concentradas em períodos, intercaladas por momentos de seca.

O trabalho científico também revela que a fauna e a flora da região já sofrem impactos decorrentes das mudanças climáticas. 

O levantamento integra uma pesquisa que abrange todo o Estado, com a participação de estudiosos de diferentes Instituições, apoiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e divulgada no último dia 5. Coube ao grupo da UNITAU realizar as análises relacionadas ao Vale do Paraíba.

A equipe, composta pelo Prof. Dr. Gilberto Fisch, pela Profa. Dra. Simey Thury Vieira Fisch e pela Profa. Dra. Maria Cecília Toledo, analisou aspectos climáticos e relacionados à fauna e à flora. O grupo foi convidado a integrar a pesquisa pelo Prof. Dr. José Antônio Marengo Orsini, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O estudo aponta que a tendência, de acordo com a análise de dados dos últimos anos, é que as chuvas tornem-se gradativamente mais “fortes e intensas”. Na prática, o dado pode representar preocupação, uma vez que esse tipo de precipitação não é o ideal para a absorção do solo e consequente irrigação de lençóis freáticos.

O professor Gilberto Fisch, responsável pela pesquisa na área de clima, explica que o trabalho aponta as consequências a curto e a longo prazo ao meio ambiente e que por isso é importante. “Ela permite conhecer o futuro que nos espera e o efeito que isto causa sobre a sociedade. E que muitos não estão se preocupando”, comenta.

Fauna e flora já sofrem impactos

A pesquisa também analisa a distribuição de espécies de palmeira e de beija-flores na região. Isto porque, sendo plantas e animais nativos e sensíveis às mudanças climáticas, a reação tanto dos vegetais quanto dos animais às alterações no ambiente são indicadores de vulnerabilidade.

Os beija-flores são considerados animais “chave”, pois são polinizadores de diferentes espécies de plantas. Assim, alterações em suas atividades podem causar efeitos em cascata no meio ambiente, atingindo outras espécies.

De acordo com a professora Maria Cecília, responsável pela parte de fauna da pesquisa, já é possível notar mudanças nos animais, causadas pelo aumento da temperatura na região – fruto das mudanças climáticas vividas. “É certo que ele fica mais lento e, com isso, menos eficiente neste trabalho de polinização”, afirma.

Em relação às palmeiras, a pesquisa, conduzida pela professora Simey Thury, mostrou que as plantas de grande porte estão mais distribuídas territorialmente, enquanto as de pequeno porte estão em faixas restritas. Por isso, este tipo de planta está mais sujeito a sofrer as consequências das mudanças climáticas. “Pode-se inferir que palmeiras mais altas, que ocorrem em áreas maiores, podem ser menos vulneráveis às alterações do meio que as porte menor, cuja faixa de ocorrência é estreita”, traz o estudo.                        

O relatório pode ser conferido aqui.

ACOM/UNITAU