Um caminho para a cultura do Vale do Paraíba

22/07/2015 00h00 ⋅ Atualizada em 31/10/2019 14h09

 

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Divulgar e, com isso, evitar que sejam esquecidas, manifestações simples e tradicionais do Vale do Paraíba e de suas pessoas. Esse é o propósito principal do projeto de extensão Trilhas Culturais, desenvolvido no Departamento de Comunicação Social.

A valorização do regional é realizada por meio da documentação, em vídeos e fotos, das manifestações culturais. “Mesmo sendo um polo tecnológico, o Vale conserva muito da sua origem, da sua simplicidade, dos hábitos das pessoas, dos modos de fazer. Nós não extinguimos nosso jeito simples de viver mesmo em meio à tecnologia. Conseguimos conviver com as mais diferentes tradições”, afirma o coordenador do projeto, Prof. Me. João Rangel Marcelo.

Com o propósito de captar esses saberes, o Trilhas, retomado em 2011, atua em quatro temáticas: profissões antigas, culinária, música e literatura e ciência e tecnologia. Os dois primeiros temas já foram abordados e viraram duas exposições fotográficas, dois livros e mais de 20 vídeos (com duração de três a cinco minutos cada), disponíveis aqui na fanpage do projeto.

As gravações do terceiro tema estão em fase de produção e a última temática dessa etapa do Trilhas deverá ser trabalhada em 2016.

A abordagem de cada assunto começa com pesquisas bibliográficas, segue para a atividade prática de encontrar as pessoas que serão entrevistadas, continua com as gravações em si e é encerrada com a edição e a produção das peças finais.

Todo o trabalho conta com a atuação de duas bolsistas, alunas de Jornalismo: Kássia Hoshi Ribeiro, 20 anos, estudante do 4º ano, e Vivian Clara Ferraz de Almeida, 20 anos, do 3º ano.

O buteiro e o escaldado

Na primeira parte do projeto, que abordou profissões antigas, foram temas do Trilhas ofícios como, por exemplo, relojoeiro, afiador e buteiro. “O buteiro que entrevistamos está no centro de Taubaté, mas quase ninguém sabe o que é esse nome. Qual é a diferença do buteiro e do alfaiate? O buteiro conserta a roupa, o alfaiate faz. Também conserta, mas faz. Esse buteiro é filho de um grande alfaiate. E as pessoas não conhecem nem o nome da profissão”, conta o professor Rangel.

Já no caso da culinária, entre os pratos retratados estão o bolo de fubá, o bolinho caipira e o escaldado. Esse último, “uma tradição que vem da época em que o Brasil era escravocrata. Um fortificante para salvar as pessoas que estavam doentes, gripadas”, explica Rangel.

Além da sala de aula

O gosto pela fotografia foi o que atraiu tanto Vivian quanto Kássia para o Trilhas. A primeira começou como voluntária, em 2013, e ambas ingressaram efetivamente como bolsistas, em março de 2014.

“Entrei na faculdade já querendo seguir nessa área de fotografia, mas no curso vi que não gostava só disso, gostava de muitas outras coisas e poder viver isso num projeto, me realizar profissionalmente, é muito importante pra mim”, diz Vivian. “No primeiro ano da faculdade, aprendi como mexer na máquina, como tirar uma foto, mas não tem como, quando você coloca o conhecimento em prática, acaba aprendendo muito mais”, continua.

“Os professores sempre dizem que um profissional de Jornalismo tem que ser completo e que só saber fotografia não adianta no mercado. Eu gosto muito de fotografia, mas aprender a gravação, aprender a edição, a produção de texto e a costurar tudo isso e compilar num grande projeto, isso é essencial para a minha formação como jornalista. É o diferencial do projeto”, avalia Kássia.

O público

A surpresa e a identificação estão entre as reações do público em relação ao projeto, tanto o público integrante, ou seja, os entrevistados, quanto o público externo, aquele que é expectador do trabalho final.

“Muitos lembram da comida que a avó fazia quando veem a exposição, por exemplo”, conta o professor Rangel. “Da parte dos entrevistados, fomos muito felizes neste projeto, pois eles também se animam com a possibilidade de repassar esse conhecimento, se sentem valorizados. Muitos nem acreditam no nosso interesse no assunto.”

ACOM/UNITAU