Pesquisadora analisa o impacto das mudanças climáticas em espécies

21/09/2015 00h00 ⋅ Atualizada em 02/11/2019 20h02

 

Um estudo, realizado pela Profa. Dra. Maria Cecília Barbosa de Toledo, da Universidade de Taubaté (UNITAU), com a participação de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo (EEL-USP) e da Universidade de Toronto Scarborough, do Canadá, apontou que as mudanças climáticas têm um fator decisivo na alteração comportamental de beija-flores da região.

“É um projeto grande, que se iniciou dentro de um projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi aprovado pelo CNPq”, comenta a pesquisadora Maria Cecília.

A partir da questão “Pesquisadores dizem que espécies entrarão em extinção devido às mudanças climáticas”, levantada pelo coordenador do projeto temático, Maria Cecília decidiu que pesquisaria sobre o assunto para comprovar o apontamento.

“Fiz uma pesquisa para saber qual seria o grupo ‘sensível’ a uma possível mudança climática e que eu pudesse estudar. Eu já tinha alguns estudos envolvendo os beija-flores, então já tinha um bom conhecimento da espécie. Assim, comecei a contatar pessoas que tinham mais afinidade com esse pássaro”, relata a professora.

O projeto aconteceu na reserva Guainumbi, na região do parque Santa Virgínia, em Ubatuba, e também em duas propriedades particulares em Campos do Jordão. A análise foi realizada com o apoio da Fapesp e a compra dos equipamentos foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Pesquisa     

Maria Cecília constatou que o ponto-chave para obter resultados era analisar o metabolismo da espécie e, então, realizou as medições.

“Durante o período de estudo, nós trabalhamos com oito espécies e permanecíamos com o beija-flor por, no máximo, 24 horas, para que não houvesse a perda do animal”, comenta a docente.

“Nós conseguimos fazer o perfil do Vale do Paraíba, desde o lugar mais quente, que é Ubatuba, até o lugar mais frio, Campos do Jordão”, continua.

Além do metabolismo, os componentes da equipe também avaliaram toda a mecânica de vôo, inclusive o batimento de frequência das asas.

Resultados

Atualmente, os resultados estão sendo analisados e os primeiros dados divulgados apontam que as condições mudam de acordo com a altitude e que a temperatura realmente influencia no metabolismo.

Em áreas mais densas, o beija-flor precisa de mais força. Sendo assim, precisam de um torque maior de vôo em lugares mais quentes e, em compensação, também gastam mais energia.

O torque, a força e a saída de vôo são modificados e a frequência de vôo é menor.

“A espécie perde muita água quando a temperatura está mais elevada e, consequentemente, irá desidratar rapidamente. Então, é necessário voar menos, pois corre o risco de desidratar e falecer”, conclui a docente.

“O trabalho de observação só foi possível por causa de muita ajuda dos nossos colaboradores, que abriam suas casas para nos ajudar. Parceiros que, hoje, tenho como grandes amigos. Pessoas que foram fundamentais no projeto, desde a preparação das armadilhas”, finaliza Maria Cecília.

Neste ano, o estudo completará quatro anos de dedicação e será finalizado.

Caroline Santos
ACOM/UNITAU