Polinizando Sonhos: o projeto de extensão em Apicultura

02/09/2015 00h00 ⋅ Atualizada em 03/11/2019 06h32

 

É distribuindo boa vontade que se atinge os objetivos na vida, e foi polinizando sonhos, de flor em flor pelo Departamento de Ciências Agrárias, que nasceu o Centro de Estudos Apícola (CEA) e o projeto de extensão em Apicultura, responsáveis por levantar dados e pesquisas e organizar e disseminar conhecimento para os apicultores da região metropolitana do Vale do Paraíba.

A Universidade de Taubaté, além de ter o único curso superior em tecnologia e o único de pós-graduação em apicultura do país, está também à frente da geração de conhecimento e da realização de pesquisas sobre a produção de pólen de abelhas. “O projeto de extensão traz o protagonismo da apicultura para essa nova geração. Ele traz os jovens para assumirem a profissão dos pais e traz jovens que querem ingressar nesse universo”, conta a Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto, coordenadora do projeto e diretora do Departamento de Ciências Agrárias.

Em parceria com empresas privadas como, por exemplo, a Fibria Celulose, e de instituições públicas, entre elas o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Cooperativa Agropecuária do Vale do Paraíba (Coapvale) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), o Departamento conseguiu sediar a união dos apicultores do Vale do Paraíba e região, trazendo o ambiente acadêmico para a vida de vários produtores de mel e levando o conhecimento, o levantamento de dados e a segurança de qualidade do produto para a vida de famílias de 160 apicultores que têm a apicultura como principal fonte de renda.

“A extensão é como se fosse uma desculpa”, brinca a professora Lídia, “e a nossa desculpa, digamos assim, foi a apicultura. Mas, na verdade, o objetivo da extensão é disseminar o conhecimento pleno e múltiplo da instituição acadêmica e fazer mudanças na comunidade. E essas mudanças modificam também a nossa maneira de entender o mundo”, explica.

A equipe do projeto conta com três professores, um técnico de laboratório, um auxiliar de campo e seis estagiários que trabalham no campo e no levantamento de dados e de teste de qualidade do mel. Todo esse corpo de pessoas empenhadas trabalha para ajudar os produtores da região a sair da clandestinidade e a conseguir vender produtos com preços mais justos, de maior qualidade e em acordo com a lei. Por meio do trabalho, foi criado o Arranjo Produtivo Local (APL) do mel, um modelo de negócios que dá suporte para a atuação dos profissionais e engloba todas as ações realizadas em prol da apicultura regional.

A UNITAU trabalha com o trabalho de ponta, de tecnologia e de pesquisa, ajudando e instruindo sempre os produtores a regularizar a produção e dar chance às novas tecnologias e maneiras de se exercer a apicultura. “Nós apicultores fazemos parte de uma apicultura familiar e a Universidade vem, junto com as instituições parceiras, para nos ajudar. Hoje eu consigo chegar num apicultor familiar das áreas mais isoladas da região e dizer: ‘dá para vender o seu produto melhor, dá para você ganhar um pouco mais’. Isso é o que move a gente”, conta Paulo Anselmo Lingiardi, presidente da Coapvale e apicultor há 25 anos.

A harmonia do trabalho dos professores, estagiários, apicultores e técnicos é o maior segredo do projeto de extensão. Como convivem diariamente ou até esporadicamente em situações voltadas para o ideal do projeto, a convivência é de pleno respeito e acordo. “O estagiário é uma semente do futuro. O produtor rural está acabando. Se essas pessoas não enxergarem esse vazio que está ficando, vai ficar complicado. Então nós, produtores rurais, temos como obrigação apoiar. É um dever nosso e eu os vejo com bons olhos. É passar aquilo que eu sei”, afirma o presidente da Cooperativa.

“A apicultura é um assunto muito pouco abordado nos dias de hoje e eu estou aqui no projeto porque acredito que se as pessoas tiverem consciência que sem abelhas não existiria nenhum fruto, elas dariam mais importância para a extração regulamentada do mel”, explica o aluno Vinicius da Silva Naldi, estagiário do projeto.

Como abelhas que trabalham noite e dia em conjunto para a colmeia funcionar, os estagiários, professores, apicultores e funcionários dão atenção integral ao projeto, na apreensão de que é trabalhando em equipe que se constrói um projeto de extensão e só assim se pode reunir campo, pesquisa e comunidade numa Instituição de ensino. E, como toda colmeia, a UNITAU produz um doce produto: a vontade de fazer o bem.

Luís Sonsini
ACOM/UNITAU